Um dos fatores que ajudaram a criar a imagem de moto clássica da
Harley Davidson é a longevidade de seus motores. De 1936 até os dias de
hoje, todos os motores da Harley Davidson nada mais são do que variações
do mesmo design em V de 45º, imitado por diversas marcas pelo mundo
afora. São apenas sete modelos, o que dá uma média de um motor novo a
cada 15 anos.

Flathead
O primeiro deles foi o
Flathead, que teve uma longa
carreira: ficou em linha de 1929 até 1974. Ele não tinha válvulas no
cabeçote, que se tornava mais “plano” em função disso, daí o nome
flat-head (cabeça chata, em português).
Era um motor de 45 polegadas (742 cc) que produzia em torno de 22 cavalos.
Em seguida veio um dos mais emblemáticos motores da marca, o
Knucklehead.
O nome veio do formato do seu cabeçote, que se parece com o topo de um
punho fechado (knuckle, em inglês). Era um motor de 60 polegadas (990
cc), que desenvolvia entre 40 e 45 cavalos. Ficou em linha de 1936 até
1947.

A origem do nome Knuckleahead.

Motor Panhead.
Em seguida, veio o
Panhead. Mais uma vez, o nome
veio de uma característica do cabeçote, que se parecia com uma panela
virada para baixo. Vinha em dois tamanhos: um equivalente ao
Knuckleahead, de 60 polegadas (990 cc) e que produzia em torno de 50
cavalos, e um de 74 polegadas (1200 cc) com 55 cavalos. Era uma versão
mais moderna, que usava alumínio na sua fabricação e melhorias no
sistema de lubrificação. Ficou em linha de 1948 até 1965.
Em 1966, surge mais um clássico, o
Shovelhead. Aqui a
tradição do nome ainda continuava, e seu apelido veio do formato de pá
(shovel) do seu cabeçote. Era um motor ainda mais moderno, com diversas
melhorias, que ficou em linha de 1966 até 1985. Tinha 74 polegadas (1200
cc) e produzia em torno de 60 cavalos.

Motor Shovelhead.
Mas aqui, vale uma nota pessoal. Ao contrário do que muito Harleyro
acredita, os motores da Harley não nasceram tão confiáveis quanto se
pensa. Eles eram bem construídos e de manutenção simples, por isso vemos
vários rodando até hoje, afinal são fáceis de serem reconstruídos e
possuem várias peças à disposição. Mas até a década de 70, o
motociclista ainda precisava meter a mão na graxa de vez em quando,
especialmente em longas viagens. Era esperado que você tivesse algum
conhecimento sobre o funcionamento da moto, caso fosse se aventurar por
longas distâncias.
Claro que do Flathead até o Shovelhead houve uma enorme evolução em
confiabilidade, mas eles não estavam a altura de um novo concorrente que
começava a invadir o mercado nos anos 70: as motos japonesas. Elas eram
baratas, confiáveis, e você só precisava se preocupar em trocar o óleo
do motor. Você não precisava ter a mínima inclinação mecânica para andar
em uma delas, elas simplesmente funcionavam sem problemas. A HD sofreu
um enorme baque, quase fechou suas portas e foi parar na mão da AMF, que
é uma outra história para um outro post.
Para se recuperar, a Harley criou o
Evolution
(também conhecido apenas por EVO), que é considerado o mais durável e
confiável motor que a Harley já construiu, um posto que atualmente está
sendo disputado pelo Revolution das V-Rods. Pela primeira vez o nome do
motor não veio de uma característica do cabeçote. Acredita-se que esse
nome foi dado para mostrar que a HD estaria entrando em uma nova fase, e
muitos estudiosos do mercado consideram que ele foi o responsável por
evitar a falência da empresa.

A joia da coroa: o motor Evolution.
Ele equipou a linha Big Twin de 1984 até 1999, com motores de 81.8
polegadas (1350cc) que geravam em torno de 70 cavalos. Em 1986 foi
criada uma variação dele para a equipar a linha Sportster, em versões de
883cc e 1200cc, e que continuam sendo fabricadas até hoje para minha
alegria. Ele podia rodar mais quilômetros e ser submetido a mais pressão
do que qualquer um dos seus antecessores, continuando confiável por
dezenas de milhares de quilômetros.

Motor Twin Cam, que equipa a linha atual.
E finalmente temos os motores
Twin Cam, que
começaram a ser fabricados em 1999 e que equipam a linha até hoje. Eles
são bem diferentes dos Evolution das Big Twins, mas com algumas
semelhanças com os EVOS da linha Sportster. O seu nome é devido aos
dois comandos “gêmeos” que acionam as válvulas no cabeçote. O primeiro
tinha 88 polegadas (1450 cc) gerando em torno de 78 cavalos. Hoje temos
as versões de 96 polegadas (1584 cc), 103 polegadas (1690 cc) e a de 110
polegadas (1802 cc), sem contar as edições especiais.
Não é surpresa nenhuma que esse aumento de cilindrada cobra seu preço
em termos de refrigeração e emissão de poluentes. Foi por isso este ano
a Harley lançou de forma discreta o seu sistema de refrigeração
líquida, para desgosto de alguns puristas, e que agora equipa alguns dos
modelos Twin Cam. Mas isso é um caminho inevitável, e também assunto
para outro post.

Motor Revolution
E como para os puristas Harley que é Harley só possui refrigeração a
ar, deixei fora da cronologia um dos mais importantes motores: o
Revolution.
Ele foi desenvolvido em parceria com a Porsche, inspirado no VR1000 de
competição. Ele é usado apenas na linha VSRC, as famosas V-Rod. Possui
refrigeração líquida, e seus cilindros em V estão a 60º um do outro,
rompendo com os tradicionais 45º usados por um século pela marca. É um
dos menores motores da linha, foi lançado com 69 polegadas (1130 cc),
mas também o mais potente de série, com 115 cavalos, e em 2008 foi
aumentando para 1250cc, ganhando 10 cavalos. Graças a tecnologia
empregada nele, é considerado por muitos o motor mais resistente já
fabricado pela Harley. Só que por possuir uma mecânica mais complexa, e
sistemas de injeção eletrônica, não é tão “user-friendly” como os Evo
para os mecânicos de final de semana.
Uma curiosidade: como os motores da HD costumam ficam tanto tempo e
linha, eles acabam perdendo suas patentes, o que permite que alguns
fabricantes façam réplicas. A maioria dos motores que você vê sendo
usados nos programas de TV sobre choppers são na verdade réplicas,
muitas vezes mais potentes e resistentes que as suas versões originais.
É o que diz a velha frase: você pode construir uma Harley-Davidson inteira sem usar nenhuma peça fabricada pela Harley-Davidson…
OBS: Os números do post consideram a potência no motor, e não na
roda, por isso os números são mais altos. Apesar do número na roda ser o
mais realista, meus livros só possuem a potência no motor, então
preferi postar de acordo com fonte mais confiável.
Fonte:http://olddogcycles.com/2013/09/mas-afinal-o-que-e-panhead-knucklehead-shovelhead-e-afins.html
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